Select Page

Festa do Pastor

Era dia de romaria lá na serra. Numa pequena e pacata aldeia de Viseu, os pastores preparavam com afinco as suas ovelhas para mais um dia festivo. Comemorava-se o dia do pastor. A azáfama era grande, põe lacinhos nesta, põe pom pons naquela, pinta uma bolinha amarela azul e vermelha na outra, põe uns brincos na mais pequena. Enfim todos ajudavam no making-of e o rebanho ia ficando colorido e charmoso. As ovelhas iam-se sentindo cada vez mais vaidosas e posavam para as fotos com muito à-vontade, afinal já tinha passado um ano desde a altura que nos conhecemos. O Sr. Marcolino lá se ia lamentando que este seria o último ano. E a Pomba? (nome da ovelha que comandava o rebanho), perguntei eu. Nem queira saber sr. Armando, mataram-ma. Antes queria perder 500 contos, dizia o homem cabisbaixo e muito consternado. Finalmente o rebanho está pronto e era altura de o levar a pastar, pois estas coisas da manicura, pedicura e maquiagem dão uma certo apetite às princesas. Aprendizes de pastor não faltavam a querer tomar a dianteira no rebanho todo engalanado. Era bonito de se ver, as cores saturadas do dia chuvoso reforçavam ainda mais a beleza dos caprinos, o contraste do verde da vegetação, o branco das ovelhas e o colorido dos adornos conferiam à paisagem um ambiente sui generis. Entretanto o tempo ia passando e lá chegava a hora da missa lá na capela, os rebanhos iam-se juntando a até chegar o momento solene da bênção, protagonizada pelo padre lá da paróquia. A cerimónia é realizada com pompa e circunstância e de seguida os rebanhos conduzidos por cada um dos seus líderes, iniciam uma correria até fecharem um círculo à volta do santuário. Os animais vão correndo até os da frente se juntarem aos de trás. Quando isso acontece o pastor enfrenta-as e faz parar o rebanho obrigando este, ao mesmo ritual, mas em sentido contrário. No final cada um dos donos dos rebanhos oferece uma para leilão. E assim está cumprida a tradição, onde não falta a boa merenda, muita festa e animação.

Armando Jorge

Neste meu trabalho são apresentadas imagens de 2015 e 2016.

talvez possas gostar…

A Fornada

A Fornada

Texto de Aurora Simões de Matos Belíssimo este poema Ti Zefa da Pereira vai cozer o pão a grande fornada da semana...

Cozedura do pão em Tourém

Cozedura do pão em Tourém

... o forno termina a sua faina e dele brotam pães de centeio amassados por mãos carregadas de saberes que o tempo...

0 Comments

Submit a Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *

en_GBEnglish